Não consigo deixar de pensar que falhei. Falhei porque nunca notei, porque nunca perguntei, porque fui mais rápida a julgar do que a ajudar.
Isto é para ti, Rúben, não sei se consegues ver isto ou não, mas gostava que soubesses que deixaste cá imensas pessoas que te adoravam, pessoas que neste momento sofrem com a tua perda.
Ainda não me conformo e por um lado estou furiosa contigo, não só porque não deste hipótese as coisas fantásticas que podias ter feito, como destruíste a vida do Homem que eu amo, e da mulher que te ama como ninguém.
Agora? Os teus pais alimentam-se de comprimidos para apaziguar a dor, deixaste um peso enorme em tua casa que ninguém sabe se vão ser capazes de suportar, a Tânia o amor da tua vida, chora todo o dia e tem em mente fazer o que tu fizeste para ir ter contigo, ela está acabada, sem forças para viver. O teu melhor amigo vai deixar tudo e todos para ir para França, não fala com ninguém, nem sequer comigo, tu partiste-lhe o coração, Ruben. E o meu também. Os teus amigos foram ao funeral e ninguém conteu as lágrimas, porque todos perderam um irmão.
As duvidas dão voltas na minha cabeça e sinto um peso enorme no peito e sempre que estou sozinha choro. Choro porque fui má pessoa, porque sempre me esforcei para ajudar toda a gente e nunca ajudei a pessoa que mais precisava. Tu!
porque que nunca disseste nada? Porque que não desabafaste nem choraste?
E agora o máximo que posso fazer é permanecer quieta e chorar a tua perda. Não posso voltar atrás por magia e mudar tudo. Ai se eu pudesse...
Desculpa-me Ruben, por te ter faltado. Desculpa por não te ter deixado suficientemente á vontade para desabafares comigo, "eu teria ficado a noite toda acordada contigo".
Mostraste-me como o mundo é frágil, num segundo eras e no outro já não. Não eras. Não és.
Descansa em paz, irmão.
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sinceridade.