"Aproveitem a vida e ajudem-se uns aos outros. Apreciem cada momento. Agradeçam e não deixem nada por dizer, nada por fazer"

 Dizem que a cada 40 segundos, em alguma parte do mundo, alguém se suicida.
Que atire a primeira pedra quem nunca pensou em desistir de tudo; por causa de uma dor quase insuportável, extrema, de tamanha profundidade que nos leva a acreditar que a dor é eterna.
Mas de alguma maneira conseguimos superá-la, a nossa vida reorganiza-se e acordar já não dói. Isto porque descobrimos uma saída, uma pequena luz, encontramos apoio em algo ou alguém que nos faz sair do buraco onde caímos.
Mas infelizmente, existem pessoas á qual as suas vidas se transformam num caos total e a morte parece ser a única solução para uma vida aparentemente sem sentido.
Nunca falo sobre isto porque as pessoas vão achar-me louca, é um assunto tabu, que por mais que as pessoas digam que somos livres, não somos realmente, porque ninguém ousa questionar sobre isto em voz alta.
 Mas eu quero perguntar. Quero saber porquê que á cerca de um ano a minha melhor amiga se enfrascou de comprimidos e álcool, sem um aviso e muito menos um adeus.
Terá sido sorte ou destino o facto de não o ter conseguido?
Terá sido azar ou destino o Rúben ter conseguido?
Era agora que eu gostava de ser dona do tempo. De voltar atrás e de ter dito á diana a falta que faz, de me sentar com o Rúben em qualquer lado e dizer-lhe que o facto de as coisas não estarem a correr bem agora não quer dizer que não venham a ficar bem, que ás vezes toda a gente tem vontade de resolver todos os seus problemas num só golpe mas que é preciso encontrar algo onde nos possamos agarrar e eu não me teria importado de ser o seu apoio.
Gostava de lhes ter mostrado que têm um mundo cheio de oportunidades á sua espera e que podiam fazer coisas fantásticas com ele. Gostava que ele soubesse da dor e das lágrimas que causou, e das vidas que ela poderia ter destruído ao partir. Gostava de ter dito qualquer coisa, um "eu estou aqui" ou até um "acorda caralho". Porque as palavras nunca são de mais, e muitas vezes as palavras que nos custam ouvir são exactamente aquelas de que precisamos.
Se na altura eu soubesse o que sei hoje, se eu soubesse como salvar uma vida.